quinta-feira, 17 de junho de 2010

O que é o casamento?!


Alguns dizem que casamento é loteria. Eu digo que casamento é encontro de felicidade e alegria. É um compromisso selado em amor, numa dimensão elevada, um dom superior.
É a harmonia de uma união espiritual, para além da matéria e da mera relação carnal e sensual. É um encontro de corpo e alma, mente e coração.
É saber orar juntos, louvando e agradecendo a Deus a oportunidade do encontro, quem sabe um reencontro.
Casamento é atitude de gratidão. Casamento é a chave que abre as portas da comunhão, da cooperação, do compartilhamento. É ser um exemplo para a vida dos filhos, que a melhor pedagogia é o correto proceder.
Casamento é, acima de tudo, o exercício de viver a sagrada família.
O verdadeiro casamento é um caminhar lado a lado, em respeito e apoio mútuo. Casamento não é disputa nem competição. É a renovação do olhar a cada dia e o confirmar cotidiano da admiração do gostar e do bem querer.
É saber cultivar pequenos gestos e atitudes de atenção e de carinho (como presentear com um botão de rosas em ocasiões especiais).
Casamento é confiança, talhada na rocha da verdade, da sinceridade e da transparência sem igual, sentimento e atitudes corretos, inocentes e puros, que brilham como o cristal.
É saber perdoar as pequenas faltas e ter sempre nos lábios palavras de incentivo, encorajamento e elogio. É amaciar as palavras e temperá-las na doçura da compreensão.
É compreender e admirar o outro. É saber se encantar e viver enamorado, numa paixão leve e suave como a brisa que sopra ao entardecer.
É não se negar a dizer: "Eu te amo. Você é o meu amor."
Casamento é um projeto de vida em comum, em que se compartilha e saboreia alegrias ou tristezas, saúde ou doença, dificuldades ou fartura, vivendo cada momento em plenitude e sempre dando a volta por cima.
É colher no perfume das flores de cada dia a essência do carinho e da ternura.
Casamento é ter a sabedoria de descobrir e reinventar cada relação a cada momento.
É anoitecer em abraços e amanhecer em sorrisos.
É ter nos olhos o brilho da esperança e a certeza de que há dois corações e um só caminho: a jornada do sagrado desígnio de almas companheiras se elevando na perfeição da matriz divina.
Duas chamas gêmeas voltando ao lar, dois corações pulsando a forte emoção de um amor que é a luz brilhando no horizonte dos mundos que não tem fim.
O verdadeiro casamento é essa luz, é o brilho da alegria e da felicidade, que tem a cor, o sabor e a duração da eternidade.
Tudo isso é o casamento para mim: amor, puro amor, joia encantada, um pérola sagrada de um brilho que não tem fim."
Eu ainda acrescentaria...
Casamento é amar ao ponto de compreender que não somos perfeitos e que não temos o poder de "transformar" nosso cônjuge.
É enxergar os defeitos, aceitá-los e mesmo assim continuar amando.
Casamento é aceitação, amor, respeito, humildade, companheirismo, cumplicidade.
Numa visão prática e divertida, casamento também é recolher o rastro de roupas deixado pelo chão, é baixar a tampa do vaso, arrumar o tubo de creme dental e pendurar a toalha molhada rsrs.
Enfim, é ter a certeza de que um grande casamento se constrói diariamente com a presença constante e indispensável de Deus.

(Autor desconhecido) Texto apresentado por Grazy Miyakawa para celebrar a realização do meu grande sonho.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Oh, Lord...

Liguei o rádio do carro e, santa nostalgia: estava tocando uma música da Janis Joplin que marcou minha infância, mesmo que naquela época eu não entendesse quase nada de inglês. Você deve lembrar, é um clássico, começa dizendo: "Oh, Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz? My friends all drive Porsches, I must make amends" que significa, mais ou menos: Oh, Senhor, não quer me comprar um Mercedes-Benz? Todos os meus amigos dirigem Porsches, eu preciso compensar. E seguia nesta irônica e provocativa prece, pedindo nem paz, nem amor, e sim uma TV a cores e noitadas. Se Ele a amasse mesmo, não a deixaria na mão.

Oh, Lord, quantas pessoas, hoje, não estão por aí também rezando por uma Louis Vuitton que não seja de camelô e por uma poderosa TV de plasma? Elas abrem as revistas e estão todos tão melhores de vida do que elas, como ser feliz sem igualdade de condições? Dê a estas pessoas o que elas pedem, Senhor, é só fazê-las ganhar um sorteio, uma rifa. Imagine a dificuldade que o Senhor teria para atendê-las caso pedissem um mundo mais acolhedor, menos agressivo, mais sensato, o trabalhão que iria dar.

Oh, Lord, reconheça a inocência de quem lhe pede uma casa na praia, um chalezinho na montanha, ou mesmo um belo apartamento em bairro nobre. O Senhor sabe que estas pessoas não foram treinadas para se satisfazerem com o que têm, mesmo que tenham tanta coisa, como família, paz de espírito, um emprego decente. Mas isso não conta, isso não enche barriga de ninguém.

Oh, Lord, ninguém anda rezando por fé, pela saúde do vizinho, para resistir aos apelos consumistas, nem mesmo para simplesmente dizer "Obrigada, Senhor". Não se faz mais este tipo de concessão: afinal, obrigada por quê? Eles querem ser convidados para as festas. Eles querem melhorar. Compense-os com um relógio de grife, uma corrente de ouro, um celular bem fininho e uma câmera digital. Eles não podem comprar, mas o Senhor pode, o Senhor tem crédito em qualquer loja, o Senhor só precisa fazer abracadabra e tudo se resolve.

Janis Joplin gravou esta música em 1970. Nos últimos 40 anos, o número de súplicas estapafúrdias segue aumentando e quase ninguém mais lembra de agradecer o mistério da existência, o poder transformador dos afetos, a liberdade de escolha, o contato com o que ainda nos resta de natureza, o encanto dos encontros, a poesia que há numa vida serena, a alma nossa de cada dia, essas coisas que parecem tão obsoletas, e pelo visto são. Oh, Lord, desça daí, faça alguma coisa, que aqui embaixo trocaram o abstrato pelo concreto e não demora estarão pedindo a parte deles em dinheiro.

(Texto da Martha Medeiros, apresentado por Ana Gouvea)